Hoje é o dia delas,
assim como foi ontem e como será amanhã. Mas hoje é diferente: hoje se comemora
o dia delas.
Bem feito! Quem precisa
de um dia para comemorar é porque nos outros dias é esquecido.
Não. Não é bem assim, é
assim só um pouco. Como o dia das Mães. Como o Natal. Como a Páscoa. Como o dia
dos pobres, isto é, dos aposentados.
O dia dos aposentados
existe. Aliás, por algum engano sócio-legislativo creio que até dois. Há algum
tempo, homenageei a mim mesmo pelo dia dos aposentados. Uns dois meses depois a
tevê anunciou um novo dia dos aposentados. Nem falei nada porque fiquei
confuso. Mas, para o ano, vou conferir. Não acredito que os aposentados tenham
dois dias.
A sogra pode ter. Aliás,
falando em sogra, a minha – que evidentemente é uma mulher – está aqui, veio
nos visitar e passar uns dias com a filha predileta e o genro idem. Esta
conclusão emergiu após muita discussão familiar em que por pouco não entramos
em vias de fato, que é como os juristas chamam a briga de mão mesmo. Após eu
ter puxado o revólver, todos os demais amigavelmente concordaram, pois são
muito pacíficos os meus cunhados. Menos um, mas este não estava presente.
Certamente estava a bordo de um óvni, pois já foi abduzido e escolhido entre os
bilhões de seres humanos como um reprodutor intergaláctico. Mas esta é outra
história.
Não se criou até hoje o
dia dos pobres, especialmente dedicado aos miseráveis (o dos aposentados não
supre a omissão), por falta de perspectiva de retorno financeiro. Qual é o rico
que vai comprar presentes para dar aos pobres? Rico não paga nem salário
decente às empregadas domésticas ou aos empregados de suas empresas, quando
mais dar um extra no dia dos pobres.
Dia dos ricos também não
existe. Como um rico iria comemorar um dia só seu? Trocar presentes, fazer
demonstrações explícitas de riso à toa? Eles não precisam disto. Já têm tudo o
que nós, mortais comuns, julgamos necessidades básicas e não básicas, e riem à
toa, vivem de férias, e se incomodam, é claro. Mas eu trocaria a metade dos
incômodos de um Antonio Ermírio, por exemplo, pelo dobro de sua fortuna. Sem
pensar duas vezes.
Os ricos, principalmente
os da área da indústria e comércio, precisam de datas comemorativas de todo
mundo para faturar ainda mais, menos deles mesmos. E dos pobres, naturalmente.
Mas como sou muito comum
e sem criatividade vou embarcar nessa onda comercialista e deixar aqui um beijo
homenageando todas as mulheres do mundo, mesmo aquelas que não tem nada com
isto.
Peço que cada uma, no
seu íntimo, receba este cumprimento de acordo com suas crenças, seus
sentimentos e o que pensa disto tudo, especialmente desta data.
Eu estou fazendo de
conta que todas aniversariam hoje. E o aniversário é uma data legítima para
parabenizar alguém.
Então, além do beijo,
meus parabéns pelo Dia Internacional da Mulher. Que ele se repita todos os
dias!
Tenham certeza de que
vocês merecem muito mais do que isto.
Publicado originalmente
no blog Jus Sperniandi,
em 08/03/2006, no Dia
Internacional da Mulher.
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