17/05/2008

NOSTRADAMUS SOU EU!

Dia 13 de fevereiro, quando fomos ao aeroporto buscar minha filha e meu genro, senti-me reentrando no espírito natalino. Pessoas – principalmente mulheres – desembarcavam com pacotes coloridos e cheguei a pensar, comovido, em como é generoso o brasileiro: gente que só então podia vir visitar parentes não se esquecia de, na bagagem, incluir presentes e mimos para amigos, irmãos, sobrinhos, pais, avós...

Eu já estava recuperando minha fé na humanidade, comentei o fato com a Ieda e então ela observou:

– É! Mas podes ver que os pacotes não são pacotes de presente. São sacos de lixo, daqueles pretos. O que essas mulheres estão trazendo são fantasias. Elas devem ter participado dos desfiles das escolas de samba do Rio.

Passei a prestar mais atenção. Fiquei com vergonha de minha ingenuidade. Confundir sacos de lixo com pacotes de presente? É que eu pensei que o colorido que transbordava dos sacolões fossem embrulhos de presente neles acondicionados para proteção.

Uma das mulheres ostentava ainda a faixa de “campeã” orgulhosamente sobre o silicone frontal. Era muito feia, um verdadeiro “S” invertido. Está certo que os peitos são normalmente virados para frente e a bunda para trás, mas naquela os seios eram ao mesmo tempo tão para frente e as nádegas tão para trás que eu duvidei que conseguisse manter equilíbrio até a saída do aeroporto. Conseguiu. Mas se não tivesse o carrinho porta-bagagem para se apoiar...

Senti um certo temor. E se Darwin estiver certo na sua teoria da evolução? Em sua necessidade de adaptação ao ambiente seres foram criando apêndices, barbatanas foram se transformando em pernas ou asas e as formas iniciais mais perfeitas foram involuindo até chegar às formas imperfeitas e primitivas das quais os homens são os melhores representantes hoje.

O Fantástico, no ano passado, apresentou uma série pseudocientífica sobre formas que existirão daqui a cinco mil anos: cobras aladas, peixes com piercings, dinossauros anões e insetos gigantes. Como a faculdade de prever é uma das poucas coisas que ainda não é exclusividade da Rede Globo, faço minha previsão também.

O crescimento gradativo das bundas, resultado de exercícios físicos dirigidos a essa finalidade, e as implantações de silicone nos peitos vão forçar o surgimento de algum apêndice extra de apoio em algumas mulheres. Mas como o esse culto não é observado por todas, apenas por dançarinas de tcham, por essas que desfilam nas escolas de samba e algumas outras, uma nova espécie de mulher vai existir daqui a cinco mil anos.

Essa nova espécie terá quatro pernas, pois duas serão insuficientes para apoiar tanta massa nadegal. Uma parcela da humanidade vai andar de quatro novamente! Na minha visão elas andarão de pé e como a bunda faz contrapeso para os peitos os novos apêndices cresceriam apenas na parte traseira, como ponto de apoio para as nádegas. Talvez até rodinhas, uma espécie de porta-bagagem natural...

A mitologia se tornaria realidade. Seria uma forma de comprovação de que os centauros existiram. Nada mirabolante, mas contei isto a um amigo e ele ficou sexualmente interessado.

Então a gente combina que daqui a cinco mil anos, quando nos reunirmos para ver se as previsões da Globo se realizaram, conversaremos em mesas redondas com cadeiras especiais para ver esse novo tipo de mulher. E conferir se minhas previsões também se concretizaram.

Se eu acho isto uma involução? Não. Apenas uma volta às origens primitivas perfeitas. Talvez o homem nunca devesse ter se erguido nas patas traseiras mesmo.



Publicado inicialmente no blog JUS SPERNIANDI,
em 07/04/2005.
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