20/05/2022

O MEU VERSO

Ilton Carlos Dellandréa

Ilton Carlos Dellandréa

 O meu verso não deve ser interpretado.

É vasto o mundo, o verbo é largo,

mas o que digo é limitado.

 

Não busquem no que escrevo soluções.

Do que o meu verso rude, seco, manco,

melhor lhes servirá, por certo,

uma folha em branco.

 

Não procurem no meu verso um ombro amigo

nem alegria.

É lerdo, tosco, sem requinte,

nem sei se é poesia.

 

Não esperem no que escrevo um novo rumo

nem a solução da encruzilhada.

Canto sozinho, para mim, e basta:

Cada um que faça a sua própria estrada.

 

Sou o ferreiro que trabalha o ferro velho.

Se crio, se creio,

nada em mim de novo descortina.

Lidar com o belo e o feio

é remendar ruínas.

 

Façam como eu ou façam nada,

mas siga cada um o seu caminho.

Não levo ninguém,

ninguém me leva.

Eu vou sozinho.

 

Taquara, 24 de novembro de 1.987.