22/08/2009

MAIS UMA FRUSTRAÇÃO CONSUMISTA

Mais uma vez saí às compras e mais uma vez voltei de mãos abanando (pelo menos, desta vez, de pés calçados).

Já narrei aqui minha frustrada investida no mundo do consumo
em 01/10/2004, no post Saí às Compras e não Pude Torrar a Grana, quando saí disposto a gastar uma grana preta para incrementar meu sistema de áudio e vídeo e acabei comprando apenas um gravadorzinho de R$ 100,00, em três vezes no cartão.

Ontem minhas pretensões eram mais modestas. Como há tempos não venho praticando exercícios, encontrei – foi o que pensei – a esteira dos meus sonhos. Fabricada pela Life Fitness, é um equipamento de ponta para quem acha que andar na esteira é muito monótono.

Até não acho. Antes de minha fibrilação cronificar eu andava regularmente uma hora por dia. Nessas andanças sem sair de lugar visitei inúmeros locais do Brasil e do mundo e muito do que publiquei no início do blog surgiram nessas caminhadas de cabeça fria e sem forçar pensamentos.

Aliás, foi para isto que comprei o gravadorzinho. Eu andava e gravava as idéias que surgiam que depois eram transformadas em postes (não gosto do plural posts, como muitos usam, e sei que o meu esclarecido leitor não vai confundir postes com postes: o primeiro é plural de poste e o segundo de post, apenas para não deixar dúvidas).

Mas eu dizia que saí para comprar a esteira dos meus sonhos: a 95Te, uma esteira com monitor de LCD com ligação para TV a Cabo, conforme se pode vislumbrar da gravura muito mal escaneada acima extraída da coluna Cobiça (nome apropriado para o caso) de Carlos Sambrana, em IstoÉ Dinheiro de 05/07/2006.

Ela é tão moderna que nem consta do site da Life Fitness, embora eu não seja a pessoa mais indicada para pesquisas na Internet: geralmente não acho o que busco, a não ser numa segunda oportunidade quando procuro outra coisa.

Pensei até em fazer adaptações para tornar a minha caminhada ainda mais cômoda por causa da fibrilação: como os dois braços da esteira são bem compridos, ataria neles uma míni-rede para que pudesse sentar.

Para aumentar ainda mais minha comodidade pensei em comprar um par de skatênis, esses tênis novos, de rodinhas, para que eu não precisasse nem articular os joelhos: sentaria, após ligar o monitor, ligaria a esteira e pronto. Claro, é mais fácil sentar num sofá e ligar a tevê. Mas tenho sonhos homéricos de consumo e bem-estar e aprecio coisas modernas.

O preço é salgado mas, de novo, me baseio em filmes americanos e agora também na vida brasileira: os caras não trabalham e estão sempre cheios da nota. Fora os que não fazem nada, a não ser viajar, e ainda assim duplicam seu patrimônio em menos de quatro anos!

Mas a esteira tem um inconveniente grave. O monitor é fixo e eu, sentado, não veria a imagem com nitidez. A tela não pode ser visualizada com perfeição inclinada para trás. Até colocamos uma cadeira para fazer o teste. Inútil. Mais uma frustração consumista.

Conclusão: desisti da esteira, passei numa loja de calçados e comprei um par de tênis comuns por R$ 89,90, em três vezes sem juros no cartão, para não dizer que não fiz nada na tentativa de voltar a fazer exercícios físicos e melhorar minha fibrilação, digo, meu coração.



Publicado originalmente no blog Jus Sperniandi,
em 07/07/2006
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