08/02/2009

BRIGA COM A BALANÇA

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Chega o verão, em que aos gordinhos – assim meu cardiologista benevolentemente me chama – é teoricamente mais fácil fazer regime.

Eu já me dediquei a vários. Emagreci, mas logo recuperei por culpa dos músicos, aqueles que inventaram a sanfona. Além disto, os italianos e seus descendentes não gostamos de desperdiçar nada, nem peso extra. Numa churrascaria de rodízio comemos um naco considerável de cada espeto que passa. Afinal, estamos pagando e nosso dinheiro deve ser bem aproveitado. Sem falar no lícito prejuízo que estaremos repassando ao proprietário. Ah, ah, ah!

Tive uma incompatibilidade lúdica com o regime da lua. Chegavam aqueles dias, eu relacionava o nome do regime com uma brilhante lua cheia e me lembrava das tortas de maçã da minha infância. Só a lembrança já me engordava, embora da lembrança à ida a uma confeitaria era um passo só.

O regime dos sucos durou pouco, muito menos do que eu pensava. Fui almoçar na casa de um amigo e ele assava uma suculenta picanha. Entre o suco e a picanha escolhi a picanha.

A dieta do Dr. Atkins, com seu recente aprimoramento, é usada com sucesso por um amigo meu. Não consegui o mesmo resultado. É uma heresia comer um churrasco sem maionese. Ou sem, pelo menos, um pãozinho. Ou (vamos fazer uma concessão) sem farofa. Acabei misturando carboidratos e isto anula a ação exclusivamente protéica da proposta do Dr. Atkins.

Como sou partidário de que se deve ser eclético, mesmo nas dietas, procurei um centro de reabilitação e reeducação alimentar que me permitia comer tudo o que eu quisesse, desde que não ultrapassasse a 1500 calorias diárias. Além disso, eu era obrigado a fazer cinco refeições diárias. Gostei.

Gostei principalmente porque havia o chamado “prato permitido”. Uma vez por semana você poderia sair da rotina diária e comer alguma coisinha a mais. Eu comia o prato permitido, logicamente, aos domingos.

Depois de algum tempo achei que não faria mal introduzir um prato permitido também às quartas-feiras. Afinal, eu tive um tio-avô, que morava no interior do interior de Taió, cuja mulher o gabava por sua limpeza porque ele tomava banho até no meio da semana. A relação não é lá muito inteligente, mas serve para quem quer se livrar de uma dieta. Logo eu estava ingerindo um prato permitido por dia. Eu tomo mais de um banho por dia!

Nas minhas caminhadas sou muito atento. Ando, quando as condições me permitem, exatos 60 minutos por dia. Devo percorrer, folgadamente, uns 400 metros. Minha personal trainer me elogiou muito. Ela disse que na ginástica aeróbica é mais importante caminhar devagar, mas bastante tempo, do que, por exemplo, fazer 15 km em 11 minutos. Ontem me distraí e andei 61 minutos. Hoje, para compensar, andei apenas 59.

Mas só caminhar não emagrece, principalmente se você compensar depois com alguma coisa, mesmo que seja água. Meu pai tinha esse problema e dizia que até a água o engordava. Foi um dos maiores ensinamentos que deixou aos filhos, como um adendo à sua carga genética. Eu, por isto, já que ela engorda mesmo, aproveito e tomo água-de-coco após as caminhadas, pois é um excelente energizante, além de mais saborosa, lógico.

Enfim nunca consegui resultados muito positivos nessa minha luta comigo mesmo. Esses dias lembrei de seguir a dieta curta e grossa que li no Pasquim, no tempo de estudante: se você quer emagrecer fique seis meses sem comer absolutamente nada e ainda vomite duas vezes por dia.

Meu cardiologista a descartou. Definitivamente. Por isto, parei de brigar com a balança.




Publicado originalmente no Jus Sperniandi,
em 25/01/2006.
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