29/11/2007

A Busca do Tempo Anterior

Ilton Carlos Dellandréa


IV – CANTATA
Soneto: allegro moderato e patético



Eu sinto saudades de alguém de quinze anos
Que partiu num mês do ano que não terminou.
Desconjuntaram-se os meus mais belos planos
Nem consigo interpretar o que de mim restou.

Eu sinto saudades de alguém de quinze anos
que mesmo que retorne hoje não voltará jamais.
Não parte quem caminha por caminhos estranhos,
Mas entalha em quem fica desencontrados sinais.

Como voltará quem existiu e não existe e existe,
que partiu e não partiu e nem nunca partiria
e esteve longe e perto e nunca e sempre aqui?

Como explicar à minha alma assombrada e triste
que o que não passou não passou mas passaria
e que eu viveria um grande amor – e não vivi?

.

2 comentários:

anja disse...

Oii! Te fiz um convite pra um meme diferente. Topas? vê aqui: http://anjacaramuja.blogspot.com/2007/11/o-meu-querido-amigo-helio-um-lobo-na.html

Unknown disse...

Menino, acreditas que só agora eu vim aqui? Claro, que idiota esta pergunta, não é? Estás lendo o que escrevo e vendo a data,claramente.
Não deixei de pensar em vir, por muitas vezes, mas acabava que não vinha e, por fim, estava envergonhada de ter demorado tanto e demorava mais ainda.
Teu soneto fala de alguém que ausentou-se, mas, de outra forma, está presente; que deixou a vida de um jeito para transmutar-se em outra, persistindo, longe e perto, com rosto diverso e alma idêntica. A saudade do que foi irá permanecer, imutável e incrivelmente bela.
Imagina-nos sem estas saudades...
Eu gostei, Ilton. Gostei porque ele fala de algo que toca, profundamente, a nossa alma.Todos temos uma 'menina' ou 'menino' guardados no peito, do(a)qual nos ficaram retidas tantas lembranças e desejos não realizados que, infelizmente, ficaram para trás, sem retorno.
beijos