Definitivamente,
estive em Brasília e saí do aeroporto. A imagem aí em cima é prova cabal disto.
Quem não vai ao Bar Brasília nem come as trufas da dona Cirônia jamais poderá
dizer que esteve lá. Mesmo que encontre Lula e todo o seu staff, o secreto e o
visível.
Fomos
recebidos – a Ieda e eu – pelo Glauco e por meu genro. Este levou nossas malas
para o apartamento e o Glauco levou as outras, digo, levou-nos a um tour pela
Capital no seu carro especialmente preparado para nos receber, reluzente a
ponto de produzir nas nuvens da cidade o reflexo iridescente captado
abaixo. Aliás, o céu de Brasília é de um
azul magnífico, daqueles que você não precisa regular a máquina fotográfica para
ele parecer realmente azul.
Visitamos
o memorial JK, passamos pela Esplanada dos Mistérios – onde se enfileiram os
enigmáticos ministérios criados para resolver nada, exceto aquilo que se
resolve sem intervenção governamental – e, finalmente, a Praça dos Três
Poderes. Peguei no cabo da espada da Themis e o Glauco me fotografou para que
meus descendentes tenham uma prova de que fui magistrado.
A
Themis – para quem não lembra, a deusa grega símbolo da Justiça, com venda nos
olhos e segurando uma balança na mão esquerda e uma espada na direita – me
pareceu tristonha e aflita: está sentada e com a espada estendida no colo, sem
demonstrar intenção de usá-la adequadamente. A balança, ao que consta, foi
furtada. Acho que aí reside a principal causa da impunidade no Brasil.
Depois,
com meu genro, fomos ao Bar Brasília, do luminoso lá em cima. Foi desenhado
pelo Ziraldo. Petiscamos e, logo em seguida, partimos para o que foi a
principal e mais aconchegante atividade do dia.
Gosto
de encontros pessoais mais do que de lugares. Por isto, cientificado que depois
conheceríamos a mãe do Glauco e sua irmã, suportei com satisfação o passeio
pela cidade.
Fomos à
casa do Glauco para a sobremesa. Foi uma recepção calorosa. Lídia Valéria, a
mãe dele, é uma senhora agradabilíssima. Nem havíamos entrado na residência e
já nos sentíamos íntimos, no bom sentido. Sua irmã, Stella, que é médica
renomada no ramo da Eletrocardiografia, chegou logo depois e me senti mais
tranqüilo (ela é muito bonita e mais, por discrição, não digo).
Ofereceram-nos
os doces da dona Cirônia, entre eles trufas generosas e lindíssimas. Fui
polidamente mal-educado recusando prová-las porque evito, à noite, alimentos
estimulantes, como o chocolate. Mas experimentei outros doces. Minha má
educação aumentou quando o Glauco preparou, na hora, taças de um café expresso
que me pareceu muito saboroso. A Ieda e meu genro confirmaram. Mas consegui me
recuperar da falta de educação, sendo mais mal-educado ainda: aceitei algumas
trufas, levei-as para o apartamento à moda farnel, e provei-as no dia seguinte.
Caso contrário, não poderia atestar sua excelente qualidade.
Lula
não encontrei, apesar de o Glauco ter comentado o contrário no post anterior.
Intriga! Ele deve ter um sentimento latente de simpatia pelo Lula e está
tentando transferir responsabilidades.
O
Glauco fez uma observação muito adequada quando estávamos na Praça dos Três
Poderes: quem vê a beleza peculiar de Brasília chega a esquecer as
trampolinagens que lá acontecem. É algo que nem o PT conseguiu estragar.
Foi bom
não ter encontrado Lula. Nada estragou o meu dia, ou meio-dia, como queiram,
que foi maravilhoso do jeito que foi. Ele não estava em Brasília, mas num de
seus comícios no Rio. O que confirma o que é voz corrente por lá: se você
quiser encontrar o presidente, fique na sua cidade que mais hora menos hora ele
aparece.
Estou
pensando em transferir residência para Brasília...
Publicado originalmente no blog
Jus Sperniandi,
em 28/02/2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário