08/11/2008

SAUDOSIMO? NEM!

UM SAUDOSISMO APENAS OCASIONAL
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Não sou saudosista! Não desejo que certos costumes dos tempos antigos (ou como dizem alguns descendentes de alemães em Taió, de antes tempo) voltem. Não renego a excepcionalidade sonora da gravação digital em favor dos discos de vinil por questões poéticas ou nostálgicas. Agrada-me muito mais o som perfeito, sem ruídos que não a música, dos cedês e devedês.

Talvez eu preferisse ser alguns anos mais novo – sem dispensar a experiência de agora – mas isto é querer demais. Temos o nosso próprio ciclo, as nossas próprias ultrapassagens, e ser mais novo e concomitantemente mais experiente, me transformaria numa excrescência, num monstro social inaceitável e dotado de um complexo de superioridade que me tornaria um déspota odiável. Eu seria infeliz porque não encontraria par nem entre os da minha idade cronológica nem entre os da minha idade mental, por motivos óbvios!

Já me acostumei a certas facilidades modernas e não sei como viveria sem elas. O controle remoto, por exemplo, é um invento superior à própria televisão porque permite que você não tenha que aturar o mesmo programa ou o mesmo comercial por mais de 30 segundos. Estou aguardando a invenção de um controle remoto automático movido a pensamento.

Há coisas de que não se pode desistir sem retroceder. Como dispensar carro com ar condicionado, vidros acionados eletricamente, aparelho de som, troca de marcha automática? Estou exagerando um pouco.

E o computador? Não imagino como alguém possa viver sem um, embora neste país isto seja um privilégio. O programa “computador para o povo”, do presidente Lula, acho que se esboroou. Esse Governo é maravilhoso para planificar, mas pára por aí. Ele não tem tempo de implementar seus planos porque tem muitas reuniões a fazer para inventar outros planos...

Comecei com um MSX da Gradiente e sofri gravando sentenças em fita cassete. A gravação e a recuperação eram lentas e a mínima oscilação de energia elétrica poderia arruinar o trabalho de um dia. O drive dos discos de 5.1/4, com a imensa capacidade de 500 kb, foi um progresso considerável.

Hoje de manhã, fibrilado e exausto, desci ao escritório e liguei o micro. A primeira coisa que faço é abrir e-mails. Deu erro! De novo sem banda larga! Tentei a página de notícias e não entrou. Então lembrei que não ligara o modem, que faz as vezes de roteador, pois quando meus filhos moravam aqui montei uma pequena rede doméstica para os nosso micros.

Isto me obrigou a subir 467 degraus de escada, fibrilentamente, e ligá-lo. Pela primeira vez, e ainda assim por esse motivo especial, senti saudades de um retorno ao passado, ao tempo em que um micro era apenas um micro no qual você trabalhava, escrevia, jogava e até programava.

Hoje ele é apenas um apêndice de uma grande rede chamada Internet sem a qual, definitivamente, não dá para viver. Não dá!





Publicado originalmente no blog Jus Sperniandi,
em 07/10/2005.
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Um comentário:

Gina disse...

Dr. Ilton, se tiver um tempinho dê uma olhada na minha postagem de hoje:

http://tavolavagula.blogspot.com/2008/11/rachel-maria-lobo-de-oliveira-genofre.html

Um abraço