20/09/2008

MEGALOMANIA PATRIÓTICA

SONHOS DE UM MEGALÔMANO, MAS PARA O BEM DA PÁTRIA...



Às vezes tenho a sensação de que me está reservada, ainda, apesar da idade e da aposentadoria, a realização de grandes feitos para a humanidade ou, pelo menos, para o Brasil.

Vejam a minha idéia de abrir uma fábrica de arco e flechas de repetição, que publiquei neste blog no dia 21/07 (Vou Enriquecer com o Desarmamento!), que nos permitirá a defesa contra os bandidos face à previsível proibição do comércio de armas e munições. Ela vai me enriquecer e a todos aqueles que tiverem a ousadia de se associar no empreendimento.

Mas estive pensando, porque para montar esse tipo de empresa é preciso cautela e análise redobradas, e meu pensamento solertemente desviou-se para uma possibilidade inicialmente não prevista: minha humilde e aparentemente simplória fábrica poderá provocar a emergência do Brasil como potência mundial, mas isto vai demorar ainda; ninguém conquista o mundo da noite para o dia.

É preciso, também, um pouco de pessimismo, artigo difícil de se encontrar hoje no mercado social mundial porque passamos pelo melhor período da História Universal, como já disse outro dia ao Túlio. Não são detalhes como a Guerra do Iraque, o conflito árabe-israelense, os atentados terroristas em Londres e na Chechênia, a loucura explicita de presidentes como o da Coréia do Norte e, mais aqui perto, a degringolada do PT, a guerra entre traficantes e a violência diuturna que vão acabar com essa sensação de segurança, paz e tranqüilidade.

Por isto, apesar de tudo, temos que ser inicialmente pessimistas para chegarmos ao status de uma grande potência.

Primeiro, temos repor a Direita no poder. Com isto desviaremos a atenção dos americanos. Com um governo de Esquerda, estamos sendo vigiados e isto, para os fins deste artigo, não é nada bom. Com a Direita no poder a grande potência do Norte se esquecerá de nós e quando emergir a terceira guerra mundial não lembrará que existimos e não jogará alguma bomba sobre nossas cabeças. Talvez até possa atingir grandes centros, como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, mas a minha fábrica vai ser instalada em Iraí, bem no interior do Rio Grande do Sul, como já disse.

Isto será o começo de nossa dominação do mundo.

Um dia, após a II Guerra, explodidas Hiroshima e Nagasaki, perguntaram a Einstein como seria a terceira guerra mundial. A resposta foi mais ou menos assim: “a terceira eu não sei. Mas a quarta, seguramente, será com paus e pedras”.

Perceberam a nossa vantagem? As grandes potências de hoje aniquilarão umas às outras. Os meus arcos de repetição e minhas flechas com pontas de aço e coquetéis molotov estarão tão desenvolvidos e aperfeiçoados que não encontrarão similar no mundo.

Lamentavelmente teremos que guerrear, mas por pouco tempo. Venceremos logo graças à nossa supremacia de forças. Os inimigos, com paus e pedras, não serão páreo para os nossos sofisticadíssimos bodoques e nossa destreza em manejá-los. Venceremos a IV Guerra Mundial, conquistaremos outros países, dominaremos o mundo e implantaremos, impositiva mas democraticamente (algo assim como os americanos estão fazendo no Iraque), o nosso modo de vida e o nosso sistema de governo.

Só então não haverá mais guerra. A paz será verdadeira e abrangente, pois colocaremos administradores brasileiros para governar os países conquistados. Sempre fomos avessos a guerras e isto bastará para a paz duradoura e contínua.

A corrupção, uma de nossas características principais há muitas gerações, ao contrário do que parece, será benéfica. Nela estão agasalhadas as plenas condições de paz: os corruptos gostam de ganhar dinheiro fácil e por isto não são belicosos... No máximo ameaçam por telefone, mas, então, este ainda não terá sido reinventado.



Publicada originalmente no blog Jus Sperniandi,
em 28/07/2005.
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