06/08/2008

ASSÉDIO

Alberto Cohen


A poesia espreita o solitário,
quieto no bar, num canto, pela rua,
reconhecível pelo mesmo olhar
dos que esperam sem encontro marcado.
É num arroubo que ela se oferece,
imprevisível, dona, dissoluta,
nas carícias rimadas e medidas
negaceia e se dá, jamais inteira.
Depois, sacode a vasta cabeleira,
recolhe pelo chão os seus mistérios,
e parte, insatisfeita como sempre,
atirando metáforas na cama.


Alberto Cohen
Poemas sem Dono
II Prêmio Literário Livraria Asabeça - 2003
página 17.

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4 comentários:

the writer disse...

Ilton - claro que eu lembro de ti! estava mesmo pensando esses dias, onde serah que tu andavas. bom saber que ainda estas por aih e melhor ainda, que tu tambem tens um blog :)

Cláudia L. Moraes disse...

Poeta e poesia numa constante insatisfação. E não é assim que tem que ser? É por isso que o poeta não pára; é por isso que a poesia existe, invade, assedia e procura. É exatamente assim, como disse o Alberto, ou como cada qual entende. Lindo poema!
Beijo da Cláudia L. Moraes

Anônimo disse...

Poeta e poesia numa constante insatisfação disse Claudia , eu acrescentaria a artista plástica também que estou sempre a procura de novas criações. Alberto lindo poema.
A foto em preto e branco ficou linda, gostei muito. Abraços Bete Brito

Unknown disse...

Ilton Dellandréa, Parabéns pelo blog, abraços. Bete Brito