[643] – 26-7-1930
DEPOIS que todos foram
E foi também o dia,
Ficaram entre as sombras
Das áleas do ermo parque
Eu e a minha agonia.
A festa fora alheia
E depois que acabou
Ficaram entre as sombras
Das áleas apertadas
Quem eu fui e quem sou.
Tudo fora por todos.
Brincaram, mas enfim
Ficaram entre as sombras
Das áleas apertadas
Só eu, e eu sem mim.
Talvez que no parque antigo
A festa volte a ser.
Ficaram entre as sombras
Das áleas apertadas
Eu e quem sei não ser.
Fernando Pessoa
Poesias Coligidas – Inéditas (1919-1935)
Poesias Coligidas – Inéditas (1919-1935)
in Fernando Pessoa
Obra Poética, página 524,
Companhia José Aguilar Editora (1974)
3 comentários:
Caro Ilton,
Vê-se que és admirador da obra de Fernando Pessoa. Talvez, então, podes me ajudar, sabes dizer de que obra é o seguinte trecho:
Tantas vezes pensamos ter chegado. Tantas vezes é preciso ir além.
Se souberes, ficarei grato.
Guilherme. Grato pela visita. Tenho a obra poética de Fernando Pessoa na íntegra. Dei uma olhada, meio rapidamente porque ela é extensa, e não localizei os versos referidos. Se encontrá-los, os publicarei no blog. Um abraço.
Coisa mais engraçada. A cada vez que eu clicava aqui, a página se alterava e ficava toda escrita com uns elementos diferentes, como, por exemplo, F&ss$ um...
Aí, insisti, cliquei num outro lugar, abriu espaço para salvar e, agora, normalizou.
Eles não me venceram.
Acho Fernando Pessoa um gênio. Algo à parte. Sensacional este poema dele, onde se vê que,inicialmente, "ele" era um ser em agonia,que, gradativamente, foi se esvanecendo entre 'quem eu fui e quem eu sou', 'só eu e eu sem mim', até, finalmente,'eu e quem sei não ser'...entre as sombras das áleas apertadas, a sós, depois que tudo acabou.
Agora,Pessoa à parte, tu tens poemas belíssimos que poderiam, sim, ser reunidos em um livro e publicado.
bjos
Postar um comentário