24/01/2009

INCONGRUÊNCIAS TRÂNSITO-PERMANENTES

No dia 20 de outubro fui emboscado por um radar educativo na Av. Eduardo Prado, n. 1581, um declive, em Porto Alegre, por trafegar na absurda velocidade tolerada de 63 km por hora, pondo em risco, naturalmente, todos os que se encontravam num raio de – calculo – 30 km. Eu, dirigindo meu carro, devo ser considerado mais perigoso que um carro-bomba nas ruas de Bagdá.

A avenida é enorme, com duas pistas largas separadas por um canteiro enorme, mas a velocidade máxima, para ela, é de 60 km por hora. Naquele local você tem que descê-la freando.

No dia em que todos os motoristas da Grande Porto Alegre resolverem dirigir nas baixas e irrazoáveis velocidades fixadas para as nossas ruas, vai ser o caos. O engarrafamento vai ser tão grande que não haverá outra solução que não a de multar os que dirigirem a menos de 60 km/h.

Como as multas são educativas, e não arrecadatórias, estou perplexo. Ignoro como cheguei aos 54 anos de idade sem me envolver em acidente já que preciso, de vez em quando, de um puxão de orelhas do Estado que fixa a velocidade máxima numa metrópole como Porto Alegre, em qualquer ruela ou avenida, sem distinção, em 60 km por hora?

Sei que em Florianópolis a velocidade máxima é de 80 km por hora. Não conheço estatísticas, mas duvido que haja mais acidentes lá do que aqui, considerando-se as diferenças estatísticas.

Nosso trânsito é lerdo como o pensamento de nossas autoridades que supõem que trânsito lento é sinônimo de trânsito seguro. Trânsito seguro é trânsito fluente, de acordo com a permissibilidade real da via e seu movimento. As ruas são mais inteligentes que os administradores, pois na maioria das vezes, elas criam sua própria velocidade numa espécie de consenso tácito que faz com que, naquela hora, todos os veículos trafeguem em velocidade semelhante, com poucas desonrosas exceções.

A minoria mal-intencionada sabe driblar pardais, caetanos e radares móveis (os jornais publicam, todos os dias, em que ruas eles estarão). Então, os verdadeiros marginais do trânsito são cuidadosos e dificilmente serão multados.

Já os que andam em velocidade moderada, ainda que pouco acima do fixado para certos locais, mas sem provocar riscos, são as vítimas freqüentes dessas parafernálias pseudo-educativas.

Mas entende-se a fúria educativa do Estado. É fim de ano e falta verba para o 13.º do funcionalismo e para as eleições do ano que vem. Todos os meios são lícitos para arrancar dinheiro dos cidadãos.

Mas o Estado não dá bons exemplos. Muito pelo contrário.

No dia 02/12/2005 um Fiat branco e verde da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação), n.º 71 (a placa não foi possível anotar), com a inscrição RADAR, na traseira, ultrapassou-me, por volta das 9,45 horas, na Av. Cavalhada, em velocidade muito superior à minha.

Eu, educado, estava a 60 km/h. Ele não! Ele é um daqueles mal-intencionados que nunca será multado. Afinal, é o dono do campinho, ou melhor, é literalmente o dono da rua...

Publicada originalmente no blog Jus Sperniandi,
em 07/12/2005.

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11/01/2009

COMO AGRADAR AS MULHERES

A Fernanda mandou um e-mail tipo Como Conquistar as Mulheres e vou respondê-lo item a item para ficar bem claro. Certo, Fernanda?

Aprenda Rapidamente, o Modo mais Fácil, mais Efetivo para Persuadir e Seduzir... Desperte ATRAÇÃO SEXUAL nas mulheres que lhe ATRAEM!

Você deveria esclarecer se se refere às mulheres em geral ou às que trabalham em prostíbulos, mesmo de classe. Ir direto ao sexo, sem contato preliminar, sem um pouco de poesia e de papo jogado fora para estabelecer um mínimo de intimidade não dá, Fernanda, não dá!

Saiba o que falar ao se aproximar de uma mulher e sob tudo COMO FALAR;

Sei o que falar quando me aproximo de uma mulher. Por mais bobagens que diga, não me arrisco por caminhos que não domino. Mas percebi que sou melhor ouvindo que falando. Então o meu modo de agradar e persuadir – se for o caso – varia caso a caso.

Preocupa-me o sob tudo que você pôs aí. Ainda bem que não é sob todos, senão pensaria que você está organizando um surubão e tem más intenções em relação a mim.

Aprenda a como se comunicar com as mulheres de uma forma que seja visto como amante em potencial e não como um "PERDEDOR" ou "amigo";

Prefiro ser visto por uma mulher como perdedor do que como amante em potencial. Claro, das três opções que você coloca, prefiro mesmo ser amigo. Sempre gostei mais de amigas mulheres do que homens. Os homens falam muito de futebol e de... mulheres. Eu prefiro falar com elas e não delas.

Ser um amante em potencial não me agrada nada nada, Nanda! Se, por exemplo, eu for seu amante em potencial nunca serei seu amante efetivo. Acho que você – além de Português – esqueceu de estudar Filosofia. Senão saberia que uma porta potencialmente aberta é uma porta fechada. Então, um amante em potencial é aquele que nunca chega a ser. A não ser que você quisesse dizer um amante potente, mas daí dispenso seus préstimos, por ora.

Acabe com o MEDO de ser rejeitado e incorpore uma personalidade OUSADA!

Há 34 anos uma mulher me aceita todos os dias. Até há uns dois eu temia ser rejeitado. Mas um psicanalista me assegurou que, após tanto tempo, raramente ocorre rejeição. Bastou uma sessão e eu me convenci. Ela concorda com ele. Então nem preciso ser mais ousado para agradá-la.

Comece a ficar e dormir com muito mais mulheres do que você já pensou ser possível;

Dormir com muito mais mulheres do que já pensei ser possível? Você está louca? Para quê? Você precisa, antes desta proposta, medir o meu interesse. Sem duplo sentido. Não quero dormir com mais mulheres do que é possível nem que sejam apenas duas. Já pensou se uma for você? Aliás, pela sua propaganda, acho que você está cobiçando minha fortuna. Ficaria decepcionada.

Fernanda! Você já foi amada por um único homem, num sábado à tarde, num lugar aconchegante, tendo todo o tempo do mundo para se dedicar a ele e ele a você, devagarzinho, carinhosamente, demorando-se como se não existisse tempo nem amanhã nem ontem? Depois de horas, vocês saciados, dormiram abraçados e só acordaram à noite, por acaso, com os olhos brilhantes, satisfeitos e com a impressão de estarem numa nave espacial e que tudo lá fora era nada de tão vazio? Não?

Então me desculpe. Você não entende nada de amor e não tem autoridade de me fazer a proposta idiota que fez.



(Publicado originalmente no blog
Jus Sperniandi,
em 08/12/2005).

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