08/08/2009

SINTO-ME INJUSTIÇADO!

Sinto-me profundamente injustiçado. Eu poderia ter sido o centro-avante do Brasil nesta Copa do Mundo, no lugar do Ronaldão e, se não fosse melhor do que ele, certamente não seria pior.

Até minha massa muscular é superior à dele. Peso 97 quilos harmoniosamente distribuídos ao redor do abdômen. Só sete quilinhos a mais.

Minha fibrilação não seria empecilho. Para andar em campo eu não precisaria fazer muito esforço. É claro que teria que tomar cuidado com os dois ou três piques, como ele fez, mas isto também não seria problema. Bastaria tomar alguma cautela, cair em seguida, e com isto até ganharia tempo em favor do Brasil.

Para fazer o que Ronaldão fez não precisa muito preparo físico. O nutrólogo Carlos Werutsky, “um dos profissionais mais conceituados do ramo e coordena o setor de esportes nas associações brasileiras de obesidade e nutrologia”, disse à repórter Veridiana Sedeh (Veja, 21/06/2006, pág. 40):

Durante uma partida, os jogadores percorrem, em média, 6 quilômetros. Contra a Croácia ele não correu nem 1. Ele é o Ronaldão.

Percorrer um quilômetro em 90 minutos até um fibrilado pode.

Os treinos, como todos sabem, foram apenas brincadeiras de joão-bobo. Também seria capaz de enfrentá-los sem problemas, pois neles nem é preciso correr nem percorrer. Bancar o DJ, então, é mel na chupeta.

Vi o Parreira defender que ele foi escalado pelo que representa para o Brasil. Sugeri, então, que se convocasse o Pelé, que representa muito mais e, como eu, certamente teria feito mais que o Fenômeno.

O Pelé está em forma graças a complexos vitamínicos que tomou – segundo ele mesmo anuncia de vez em quando em comerciais – e que lhe permitiram chegar aos 65 anos com a vitalidade que tem. É certo que muitos desses complexos milagrosos só foram descobertos após ele ter encerrado a carreira, mas isto é apenas um detalhe que não interessa discutir aqui.

Eu sou mais novo do que o Pelé e já tomei vários complexos vitamínicos, o que pesa a meu favor.

Devo ser mais baixo que Ronaldão. Mas como ele não é especialista em cabecear – embora fizesse um gol de cabeça nesta copa – isto também não seria problema. Aliás, com 7 quilos a mais eu poderia trombar com mais eficiência com os zagueiros adversários e talvez até cavar algum pênalti.

Eu, de início, até quis dar um carteiraço na Comissão Técnica exigindo minha convocação. E, depois, minha escalação a cada jogo.

Só desisti porque tenho uma unha encravada e dói pra caramba com chuteiras Nike. É muito pior do que bolhas!


Publicada originalmente no blogue Jus Sperniandi,
em 02/07/2006.
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